Longe de ser um direito, o voto é a abdicação da sua liberdade e a sua declaração maior de escravidão a um senhor. A obrigatoriedade de tal ato, mantida a todo custo pelos parlamentares e legendas políticas, é a segurança de que o rebanho de gentis cidadãos continuará inerte sob os limites do curral do estado. Aquele que vota está periodicamente man-tendo uma classe de dominadores sobre si. Está apenas nomeando quem será o próximo soberano a sugar impostos, proteger os direitos da burguesia e manter a massa pobre na podridão. E a arma desse ciclo sádico é oferecer a falsa idéia de “liberdade de escolha” que o voto representa. Assim o povo se mantém orgulhoso no sonho de viver um regime democrático, enquanto na verdade todos estão apenas seguindo os comandos da poderosa minoria, como um exército de marionetes de trapos.

Acreditar que é possível haver um governante íntegro é como ter a inocência de pensar que alguém como eu e você pode se tornar um deus da noite para o dia, que viva acima das fraquezas e paixões dos homens. Felizmente o ser humano não nasceu para dominar outro ser humano. Fazemos parte de uma rede existencial baseada na coletividade e na cooperação, onde somos dependentes uns dos outros, e a justiça se dá quando existe total igualdade entre os seres. Sem governos, sem hierarquias, sem perseguições. Votar, dar sua assinatura de servo e ajudar a erguer cabeças dominantes sobre os demais, é uma idiotice. Ao contrário do que diz a propaganda do tribunal eleitoral ou os discursos fascistas dos pseudo-intelectuais defensores do estado, boicotar as eleições é uma prova de consciência e sanidade. É a manifestação de que não compactuamos com a podridão que aí está.

Ainda é tempo de fazer a diferença e mostrar que existem pessoas que raciocinam sobre suas ações e suas conseqüências. Não vote, não faça campanhas, não agite bandeiras, não freqüente comícios, não aceite presentes de candidatos. Em outubro, mostre com sua abstenção que você acredita que uma realidade melhor é possível. Uma realidade sem novas ou velhas figuras pomposas reinando sobre os recursos do município.

Nada imposto é de bom gosto.