Algumas pessoas trabalham suado para ter renda suficiente para alimentar sua família. Outras pessoas procuram se graduar para conseguir galgar grandes profissões. Outras tentam a sorte em concursos, para congelar suas vidas no formol do funcionalismo público. Outras andam por aí procurando gatos e bicos junto à prefeitura, numa troca de favores e nepotismos infinitos. Outras, sem talento para nada, tentam decolar numa carreira militar, ou estudar direito ou administração. Outras viram charlatões da fé.

É incrível como esses palhaços, mestres de malabarismos espirituais e shows de milagres e exorcismo, conseguem se manter num patamar relativamente estável após anos de exploração da inocência e humildade mental das massas de fiéis. Em cada esquina surgem profetas, curandeiros, donos das verdades divinas que acabam se tornando maiores até do que Deus, pois tais picaretas passam a ditar o que o Senhor diz, o que Ele quer, o que Ele vai fazer. É o grande fenômeno da criatividade religiosa visando dinheiro e poder, apresentando estratégias dignas de grandes CEO’s de multinacionais.

Ao menor sinal de baixas nos lucros (a saber: dízimos, ofertas, primícias, promessas, honrarias e todas as demais modalidades de extorsão de dinheiro da platéia), surgem novas campanhas de fé espetaculares. “Semana do milagre”, “Noite da cura”, “mês da libertação”, “oferta da fé”, “dízimo do milagre”, sempre resultando em grandes quantias entrando nos cofres das corporações religiosas, sem contar nos carros, jóias e móveis doados como “provas de fé” pela classe média frequentadora dos espetáculos. E um senhor espetáculo! Luzes, fumaça, música dançante (pode até dar uma encaixadinha na menina, mas com santidade, claro), telões, dançarinas gostosas, pirotecnia e diversos outros artifícios criam um ambiente fantástico e divertido para o povão medíocre, no estilo Raul Gil, Faustão ou Gugu. Igualmente, um show de audiência e lucratividade.

E as promessas feitas aos berros no palco? Para o delírio do público, aparecem os grandes atletas espirituais prevendo sempre ótimas conquistas (claro), como a redenção do país e a melhoria de vida para todos (ou seja, dinheiro no bolso). Discurso mais alienador impossível, capaz de fazer com que o povo, o verdadeiro agente capaz de mobilizar melhorias no mundo, se paralise num coma religioso estúpido, acreditando mesmo que quem trará um amanhã melhor será seu super-pop-pastor favorito. Porém muitas são as profecias e raros são os milagres. Mas não tem problema se a promessa não se cumpre, afinal, o povo acredita em tudo, até mesmo na hipótese que Deus “adiou” a profecia. Se não rolou em 2008, então vai ser em 2010, não é mesmo? Mais dois anos de lucro em cima do rebanho paciente que aguarda mais façanhas dos malabaristas da fé. E Joãozinho continua ralando nos estudos e no emprego para ser um profissional de sucesso? Vai abrir uma igreja, meu filho. Além de um negócio próprio, vc ainda é idolatrado como um pop star. Tem algo melhor?

Ai de vocês que vivem estudando religião e escondem do povo a verdade…
Jesus Cristo