Podem criticá-la o quanto quiserem, mas o termo “underground” é sinônimo da Poluição Sonora. Uma das primeiras bandas de rock de Correntina, foi formada por She Drinks (vocal), Véi Miguélo (baixo), Fudo (guitarra) e Marcin (bateria), e mesmo com a total falta de recursos conseguiram compor, ensaiar, fazer shows e até gravar um álbum completo, à base de criatividade e improviso. Adeptos do “alterna-punk”, gênero erguido pela própria banda, mesclam elementos do punk (claro) e do movimenot hippie(!). Músicas temperadas com protesto e sarcasmo, aliadas a metáforas inteligentes e belas composições (o que compensa o som “extra-cru” condenado pela maioria dos ouvintes), a Poluição Sonora tematiza a busca por liberdade em um mundo aprisionado, o anti-capitalismo, a preservação do meio-ambiente e os mais diversos gritos de mentes jovens em angústia, regados com uma acidez anárquica. O álbum da banda, “Modinhas Punks”, expressa o DIY puro: as músicas foram gravadas com um mp3 player, dois violões, baldes e latas, tornando-o um banquete para os amantes de um som “lo-fi”, diga-se de passagem (destaque para as faixas “Gentil Servidão” e “De Correntina”). A Poluição Sonora encerrou suas atividades no fim do ano passado, mas deixou de herança o registro musical das primeiras engatinhadas de um movimento de cultura independente em nossa cidade.

Gentil Servidão



Que linda a sua manipulação

Governa a todos em uma ação

Meu corpo diz que sim, mas a mente não

Adoro servir, amei a escravidão



Amo o caralho!
Quero ver você cair!

Das portas da minha mente quero ver você sair

Se continuar desse jeito vou anarquizar

Obedecer ao dinheiro, nem se me pagar



Olhe só o novo uniforme

Ele vem com drogas mais fortes

 Pra ajudar a construir

O admirável mundo novo pra não cair


E é claro que sim

Suas propagandas são convincentes

 Cega nossos olhos e disseca

A nossa mente!