Crianças, aí vai uma entrevista com o Levante, banda paulistana da zona sul que tem uns dois anos de estrada. Não vou ficar rotulando o som ou gênero, sejam livres pra escutar e opinar no myspace deles myspace.com/levantehardcore. Jefferson (guitarra) foi a vítima entrevistada, qualquer dúvida podem encher o saco dele.

Fala aí um pouco da história da banda, antiga formação, se foi uma continuação do No Sockscore ou se não teve nada a ver…

A banda surgiu em maio de 2007. Nós já éramos amigos e praticamente vizinhos, e tínhamos em nossa região uma cena hardcore crescente. Organizávamos algumas coisas e sempre estávamos ativos. Haviam duas bandas ativas na época, uma delas era o No Sockscore, que posteriormente sucumbiu dando inicio ao Levante. Até mesmo duas canções da nossa primeira demo iriam sair no CD do No Sockscore, entretanto acabaram saindo na demo mesmo. Hoje, dois anos depois, vemos que o No Sockscore foi um alicerce para a evolução de cada um da banda, mas atualmente do No Sockscore só sobramos eu (Jefferson) e o Nonô.

Como foi a idéia de formar a banda e os objetivos? Estes últimos mudaram com o tempo ou foram acrescidos de algo?

A idéia inicial era fazer uma banda com letras conscientes, com sonoridade melódica e agressiva ao mesmo tempo e tentar acrescentar algo para as pessoas que ouvissem. Na primeira formação tínhamos apenas um devoto de Krsna na banda, sendo que hoje praticamente todos da banda têm alguma relação com filosofia de Krsna. No começo não éramos todos vegetarianos, mas hoje, devido às mudanças de formação, a banda conta com todos integrantes vegetarianos. Isso pode ser encarado como acréscimos, inclusive positivos. Mas as idéias centrais ainda estão estabelecidas e melhor aproveitadas.

Na primeira demo pode-se perceber uma temática bem pessoal, sobre a vida na periferia de Sampa, o mundo alienado e materialista do capital e a dureza diária de quem luta para sobreviver. Também pode-se notar uma certa espiritualidade, sobretudo no nome de algumas músicas. Fale a respeito.

As temáticas do disco retratam o que foi observado nos anos de nossa infância e vivenciado na adolescência. São críticas construtivas ao sistema do capital. Embora não sejamos uma banda dotada de posturas esquerdistas, ou o que você queira chamar, sempre nos vemos flagrados em observar o quão ridícula se tornou a existência humana na Terra e como cada vez mais estamos regredindo nas relações humanas, com os sentimentos se tornando a cada geração mais triviais. A banda sempre levou a cabo a espiritualidade como carro chefe nas letras e em nossa postura como pessoas. Alguns até podem especular que religião trata-se de alienação, entretanto até mesmo dentro das ciências sociais, da política, muitos homens eram influenciados pela religião e eram seres capazes de manter a fio seus compromissos com imparcialidade de certa forma. Vide Leon Tolstoi, Henry David Thoreau, Martin Luther King, Gandhi, dentre outros.

Os próximos materiais para gravação do novo cd já estão prontos? Como será o som dessa vez? Algum show ou algo em vista?

Para o CD ainda faltam duas músicas a serem finalizadas, num total de nove temas para o disco. Iremos fazer mais algumas apresentações neste ano e depois vamos apenas trabalhar na gravação e pensar em como serão feitas a tiragem e a distribuição do CD. Ao que tudo indica ele deve ficar pronto em meados de dezembro, e desta vez o som será um pouco diferente do esperado. A banda agregou características sonoras muito distintas da demo gravada em 2007. Sons mais maduros, letras melhor articuladas e muita energia são o que estamos tentando tramar pro trampo novo. Sobre os shows temos três datas marcadas, duas delas no sul do país e uma em São Paulo com o Bom Bom Kid de Buenos Aires. De resto as coisas vêm caminhando como gostaríamos. Agradeço o espaço para a entrevista e boa sorte com o fanzine. Hare Krsna.