O êxodo dos jovens continua. A cada ano, aqueles que concluem o ensino médio iniciam a saga de fuga de Correntina em busca da terra prometida do nível superior (a saber: Goiânia, Salvador, Brasília…). Ao final, somente uma minoria consegue efetivar o desejo de continuar os estudos fora, enquanto os demais ficam acorrentados ao berço pela limitação financeira, pelo despreparo proveniente de uma educação básica vergonhosa ou pela falta de incentivo familiar.

Nesse estranho processo, quem acaba perdendo é a própria cidade, que se torna um repositório de desafortunados do jogo da educação. Aqueles que se destacam na juventude, por mérito próprio ou pelo poder herdado, buscam escapar da mesmice e da falta de oportunidades do interior e partem para os grandes centros, mantendo Correntina populada somente por aqueles que não tiveram o privilégio de desfrutar da escola particular e nem conseguiram transpor a barreira do incompetente ensino público. É Darwin ao avesso, excluindo os mais fortes e privando Correntina de ter uma concentração razoável jovens pensantes e atuantes em sua sociedade. Algo bastante cômodo inclusive para a velha corja política local em sua lambança de mandos e desmandos subjulgando a massa que não pensa e não questiona.

Em especial sofre a nossa minoria que luta por alternativas culturais, sociais e igualdade. Perdemos a força de jovens que geram resistência aos poderosos. Perdemos aqueles que promovem o já modesto movimento de contra-cultura na nossa cidade. Mesmo com a internet ou durante os períodos de recessos, nada se compara à presença diária daqueles que fazem a diferença e dizem “não” à dominação política, econômica, cultural e religiosa em Correntina.

Mas, apesar dos desfalques e das dificuldades, não se pode calar, não se pode desistir. Além do mais, em meio à perseverança remanescente talvez surjam novas gerações que perpetuem o movimento, que sigam adiante com a resistência iniciada pelos primeiros. A luta deve continuar sempre, e a natureza sabe disso. Perto ou longe, com cem ou com dez, permanecermos em resistência e em atividade é essencial.